09 novembro 2006

QUOTIDIANO

Já saturado de estar no Posto de Saúde e após ter cumprido com o compromisso das marcações de consulta, esgueirei-me para a rua, com duas intenções…. Uma a de sair daquele ambiente deprimente e de não dar ouvidos às conversas mórbidas e miserabilistas , mais as porosas e bolorentas lengas-lengas de lamentos e ais que um posto médico proporciona… A outra era a de esperar a minha esposa antecipando o encontro marcado com aquela, na habitual certeza de que faria as suas compras primeiro, do que eu… as minhas marcações de médico.

Para não ter que “asfixiar” naquele ambiente, vim então para a entrada e postei-me a observar as pessoas quando deparei com uma senhora, de idade, em passo algo determinado, em questiúncula consigo própria sob um qualquer assunto mais incómodo ou de desperdício. Era uma senhora pequena, franzina e a rondar os seus sessentas e tais, bem cuidada e urbana no trajar, jogando por entre uma mão uns papéis quaisquer e na outra, de dedos gesticulantes, os tais pensamentos ou preocupações que lhe faziam o olhar, ora ausente, ora inquisitivo e de quando em vez dando sinais de “aterrar” na realidade por breves e sumidos espaços.

Ao passar por mim, ia dizendo…

- …Uma coisa tão simples e ela (aqui a sua mão virara-se para o edifício da Caixa) não foi capaz de tratar disto!! Agora sou eu que….

Quando estava já quase a passar-me, levava já um passinho da minha pessoa, parou, olhou para mim, sorriu como que a desculpar-se e concluiu.

- …Desculpe-me… sabe? O senhor ao ouvir-me está a pensar que me estou a queixar de algum funcionário aqui da Caixa… mas não… (pelos vistos, coincidência de gesto, nada mais) mas sabe? …é que incumbi uma familiar minha de tratar deste assunto, uma coisa tão simples e afinal, nada fez e agora… sou eu que, com esta idade, ando a tentar resolver… (aqui, novamente um sorriso tentou aplacar o incómodo físico)

Na minha precipitação de ajuizar, julguei que se iria justificar por “ir a falar sozinha” mas não… afinal era para me desvanecer de quaisquer dúvidas a que me tivesse induzido quanto à competência de um qualquer funcionário daqueles Serviços.

Apressei-me a comentar…

- Nem sempre nos ajudam quando precisamos mas… fique a senhora descansada que por mim não estava a pensar em nada, apenas me apercebi que vinha preocupada com algo e detive o olhar… e aliás, não tem a senhora obrigação de se justificar de nada perante ninguém.

Respondeu:

- Pois é mas dá vontade de explicar as coisas… d’estas coisas que nos aborrecem…. Sempre se fala um bocadinho…

Neste instante apercebi-me da importância que tinha, para um pessoa só… pelo menos solitária, a partilha de algo tão insignificante, com alguém que nada significava para ela, a não ser o “outro lado” de um deserto que todo o dia tem que atravessar, onde qualquer um é oásis e pode ser companheiro de viagem, por breves instantes que seja.

Então, conclui:

- Faz muito bem em derrubar essas preocupações, expurgar o incómodo e desabafar… por certo que fica melhor e mais bem disposta… Tenha então um bom dia e que tudo se resolva a contento e não se enerve… tenha mesmo um bom dia…

Um sorriso aberto,

Um ligeiro brilho nos seus olhos negros,

Um retomar de caminho, revigorado… e um expressivo “muito obrigado” e um mais caloroso …”tenha também, o senhor, um bom dia…” e desculpe-me o atrevimento e o incómodo….

Nesse entretanto chegou minha esposa e rumámos para casa…emprestando ao dia uma conversa pegada, sem pressas, nem temas especiais mas repleto de oásis na sua travessia.

26 outubro 2006

SEMENTEIRAS

SEMENTEIRAS

Como sabem a região do DOURO é pródiga na produção de um precioso néctar, enobrecido com o nome Porto e esta cidade igualmente Nobre e Invicta viu o seu nome associar-se a este “embaixador” e com ele cruzar mares e História levando a bons cais e cálices distantes, o veludo e a volúpia de um vinho que, mais que bebê-lo… o melhor é mastigá-lo!...

Mas, como em tudo que é caso, exemplo, citação ou virtude, também nesta região há a excepção à regra. E é a propósito daquela que vive o texto.

Passei uns dias numa quinta, na região de Lamego, numa altura em que se avizinhavam as vindimas num Setembro quente e farto de estio onde só nos últimos dias, a chuva e o vento se fizeram sentir, a lembrar que, afinal de contas, o Outono se estava a vestir em tons castanhos a intrometendo-se no (ainda) verde da vegetação vindimeira.

Privei com o seu proprietário, André Miguel para um vale de terra fértil a Quinta da Burra Leira, um aprazível local cintado de água, ciprestes e oliveiras onde, idilicamente, uma “casa do caseiro” compõe o cenário, que se não desvirtua perante a beleza de um vinhedo forte, vigoroso e bem tratado, vigiado e cuidado, tendo como melhor cartão de visita a enxertia bem sucedida de pés e mais pés de promissora vinha em pujança.

Guiado por aquele tive a oportunidade de “visitar” a quinta, ouvir atentamente os seus comentários, dicas e explicações sobre o actual estado do vale, mais as análises ao sector, à crise do Vinho do Porto e seu instituto e por via de tudo isto chegamos à zona de excepção. A chamada APA – Área de Plantio Alternativa que, num futuro breve, poderá vir a ser motivo do apodo de “zona económica de excepção” tal a expectativa de lucros e proveitos face aos resultados.

André Miguel mostrava-se entusiasmado:

- Olhe aqui… toda esta extensão de terreno, a perder de vista por quem está fora da quinta, mas pertinho de nós, está juncado com hastes de pimentos, em três regueiros. Ao todo tenho uma produção de milhares de pimentos, centenas direi mesmo…e com cuidado e pormenor, até digo mais…. Para aí uns dez a doze pimentos.

Fiquei estupefacto e maravilhado com esta alternância de cultivo… quantas toneladas de produto projectadas nuns quantos quilos redundariam num fartote de alguns gramas da verde fibra, lindo!.....

-Aqui na Burra Leira desenvolvi outro projecto… venha cá!... Uma maravilha!.... E levou-me a outra impressionante área de cultivo enquanto cortava uma ou outra erva daninha com a sua enxadita.

- Veja aqui!... O que lhe parece?.... São chilas, são chilas, meu amigo ….

Sem palavras espraiei o meu olhar pela vastíssima área onde uma vastíssima vegetação de folhas entubadas, rasteiras, em teia por entre a vegetação, faziam jus às protuberâncias verdes pintalgadas e laranja forte dos caules pendentes, que por certo seriam, a futuro imediato, um autêntico toque de Midas na sua economia. Mais do que uma enorme produção de umas quinze ou vinte…. Chilas… Mais do que umas cinco ou seis… em tamanho razoável de consumo (o plantio fora d’época não perdoou) estava perante um verdadeiro “jardim suspenso” de um socalco para outro nuns formidáveis dois a três metros quadrados, prenhes de esperança.

A este propósito vem a terreiro a pessoa da senhora sua esposa Dª Magda Rita que, gentilmente, me confiou.

- Saiba que as expectativas do André Miguel foram tais que o levaram, numa cuidada gestão de stocks, à priori, a dizer aos seus amigos mais privilegiados (por estimados e merecedores da sua safra) para na lista das compras não incluírem as chilas que ele, de bom grado e satisfação, lhas ofereceria. Afinal de contas a produção dava para “dar e vender”.

E assim em silêncio fiquei cogitando com a reviravolta que o sector agrícola e vitivinícola da região levariam perante estas experiências e no regresso a casa pensei… As pipas de “benefício” que se cuidem…. Os cartões tipo a b ou c que se cuidem… a breve trecho deixarão de fazer parte do alfabeto… ai isso sim!.... A par destes cultivos Dª Magda Rita ainda concluiu: - E os tomates do meu homem? Viu? Plantou para ali uma tomatada tal que só rivaliza com a pepinada que lá pôs.

Soube ainda de outra experiência sementeira.

Dizem as (más ou boas?) línguas que naquela mesma quinta se ensaiou a reflorestação com castanheiros. Eu, nunca os vi, embora à distância geográfica e temporal me ocorra agora lembrar ter ouvido, numas vezes, noutras… sentir, o cheiro das castanhas na quinta do André Miguel…

Ele era lá cada “castanha”… puff !!

Nota do autor em informação de última hora:

Afinal… as chilas… eram abóboras…

25 outubro 2006

REESCREVENDO A HISTÓRIA II

D. DINIS E O MILAGRE DA RAÍNHA

Quem não se lembra de uma das páginas mais românticas da nossa História… não aquela do amor impossível de Pedro por Inês – carregado de dramatismo – mas sim a de um milagre doce, por causa dos pobres e por causa da bondade da esposa do nosso rei D.DINIS.

A sua bondade contrastava com a personalidade firme do rei, mais virado para poemas, plantios e projectos de pinhal, nada sensível às carências dos seus súbditos, em especial aos sem abrigo e miseráveis de outras pobrezas.

Pois bem:

Continuando a reescrever a história eis - nos chegados a tão edificante momento.

D.DINIS vive e reina, preocupado em cálculos e projectos de florestação do seu condado, atento à invasão das areias por devastações dunares e aos graves problemas da extração das mesmas no seu rio, aquele que lhe permite acolher em suas adegas o precioso vinho néctar ( que hoje se chama “do Porto” ). Por outro lado, tem ainda tempo para as artes… para a poesia e suas musas e à noitinha para a sua arte maior que é a de “torrar café”… É vê-lo sentado no seu trono inclinando a “coroa” luzidia aos presentes, tão brilhante quanto o seu ceptro e até um pouco tostadinha pelo sol…um regalo.

Pouco tempo tinha para a sua rainha e seu castelo, deixando que esta zelasse pelo seu funcionamento e seus infantes. Dª Margarida de Bugalheira distribuía, portanto, o seu tempo entre a família, o castelo e os seus pobres… estes o mote de tão suave milagre.

D.DINIS, por força das suas preocupações tornara-se ríspido, irritadiço e muito pouco paciente e não concordava com aquele tão humano e tão altruísta gesto de Dª Margarida por tantos e tais desvalidos.

Foi por isso que um dia, naquele lindo e abençoado dia de exaltação dos sentidos, cruzando-se com a matriarca de Bugalheira no Pátio das Manobras, junto à Alameda dos Limões, reparou no seu volumoso braçado e esta ao ver o seu senhor, já com tão duro cariz, apertou ainda mais o seu colo tentando esconder o pão que levava para os seus pobrezinhos.

Perante tamanho volume (e esforço de o dissimular de sua amada) D. Dinis endureceu ainda mais o sobrolho e porque ao momento se entregava à musa da poesia, disparou à queima-roupa….

ONDE IDES SENHORA MINHA

QUE ANDAIS EM TÃO LEVE PASSO

VÓS QUE VINDES DA COZINHA… (DIZEI – ME, DÚVIDA MINHA)

QUE LEVAIS EM RECATADO REGAÇO?

POR CERTO, POR ACTOS NOBRES

POR MISERICÓRIDA E BOA ACÇÃO

NÃO ME DIGAIS SENHORA, QUE LEVAIS AOS VOSSOS POBRES

QUILOS E QUILOS DE PÃO…. OUTRA VEZ, NÃO!

VEJO-VOS AGORA ESFORÇADA

OFEGANTE E ANSIOSA

QUE OUSO, ANTES DE MAIS

PEDIR-VOS QUE MOSTREIS… DE UM GESTO SÓ, DE ASSENTADA

O OBJECTO DE CARGA TÃO VALIOSA…

Ao que responde Dª Margarida de Bugalheira

SENHOR MEU… SENHOR DOS MEUS ALENTOS

QUE VOS POSSO OCULTAR?

FALAIS DE PÃO NO MEU REGAÇO

NÃO POSSO EU ESCOLHER? NÃO POSSO EU OPTAR?

E SE EM VEZ DESSE PÃO, FOR FRUTA, ARROZ OU ATÉ PIMENTOS?

OU ASSIM VALER A MEU DOENTE BRAÇO?

PEÇO-VOS MELHOR JUÍZO

MEU REI…QUE TÃO BEM OUTORGAS

ATENTAIS A MEU TINO E SISO

NÃO VOS MINTO, NÃO PRECISO, MEU SENHOR

E Abrindo o seu bento regaço….Margarida de Bugalheira revela-se e dá-se o delicado milagre!!!

São abóboras meu senhor !!!!

SÃO ABÓBORAS… MEU SENHOR !!!!!!!

E o Rei poeta lá se foi, contente e rindo troando pela alameda o seu preferido poema…

ONDE IDES SENHOR DOUTOR

COM ESSE PASSO APRESSADO

VOU A CASA DO……………….

SINES E OS SENIS


- Sines
- Doca dos Rebocadores
- 15 Outubro de 2006
- 09,30 horas

Eu e o meu amigo Edmundo Barros aprontamos o material da pesca para passar uma manhã amena em tranquila cavaqueira, beneficiando da paz e sossego que só o mar transmite. O tempo? a condizer! suavemente nublado espaçado a azul por entre os brancos e cinzas e um vento sul, brando, agitando o mar de mansinho.

A doca estava vazia, creio que só nós acreditávamos numa boa safra (a do dia anterior… uma miséria… nada) e isso madrugou-nos. Na enseada, os rebocadores davam o tom azul de outra textura, complementar, à tela.

Edmundo preparava o material e mariscava o aço quando me chamou a atenção para a pequena embarcação que bem parecia à deriva depois de ter sido atrelada por uma outra.

Era uma, de recreio, de uns cinco metros (se tanto) com quatro pessoas a bordo. Uma pequena cana de pesca, ao alto, e o aspecto geral do conjunto indiciava um grupo de experimentados navegadores que (pela enésima vez) iriam fora da barra para mais uma jornada com altas expectativas de pescado. Mas não ….

- Aqueles ali não põem o motor a funcionar !!!

Olhei para o meu amigo, depois para a frente. Para além do motor principal até tinham um outro (mais fraquinho e que me pareceu ser para uma eventualidade) pelo que assumi:

Edmundo… com dois motores, não há problema concerteza.

Mas a verdade é que algo não estava bem e “a boia não batia com a gaivota” (a frase, no mar, ganha esta nuance).

Primeiro: Os “campeões” fartaram-se de dar ao zingarelho, que é como quem diz… puxar ao cordel… bloq, bloq, bloq… e nada. Uma, duas e muitas outra vezesbloq, bloq, bloq….

Segundo: Afinal de contas não seriam “tão” experimentados como o aspecto denunciava. Numa segunda observação deu para perceber que os quatro faziam um esforço para se movimentarem com alguma destreza (naquele espaço, assim exíguo… tsst, tsst, tsst) e quando chegou o momento de pegarem num remo (um só, pequenino) ficamos logo a perceber que o melhor era preferível andar de bicicleta (com os olhos vendados) do que fazer aquela figura.

Terceiro: Numa outra perspectiva, deu para ver que, afinal, a lotação não condizia com o número de lugares no livrete da viatura. Para um embarcação daquelas o quarto ocupante só teria lugar à ré e a dar com os pés, tal como um motor…. fora de borda… isso, isso…a nadar e a empurrar.. vá lá…

Quarto: E para “apimentar” a cena… a água estava mesmo “pertinho” da borda que é como quem diz, se tinha “linha” de flutuação, a mesma tinha sido desviada para o metro da Praça do Comércio.

A tal ponto notório foi o desiquilíbrio da embarcação que um dos “maduros” se dirigiu para a proa sentando-se mesmo à pontinha, na esperança de melhorar o centro de gravidade da coisa…

- Eh pá, ó Próspero… Quanto é que me pagariam para ir para o mar nestas condições?!

- Depois destas tentativas todas, e o que penaram, ainda se arriscam a sair naquele jeito.

- Edmundo, deixa lá…. São mesmo apanhados de todo, estão aqui estão no banho, não tarda.

Foi aqui que me ocorreu a cena do filme O TUBARÃO na qual o biólogo pretende desencorajar os (bravos) locais de saírem para o mar em busca do bicho, nos seus barquitos, e perante o insucesso, exclama, em desalento: Vocês vão morrer, todos!!!!....

E lá foram.

Não é que nós os víssemos a zarpar, não senhor….

É que no entretanto desinteressamo-nos da questão e entregamo-nos denodadamente à faina, razão de ser da viagem, que no fim de contas não deu nem um peixito e nos pôs em “apuros” perante as nossas senhoras. Como justificar à minha Cidália e à Dª Ana a falta do almoço? E já não íamos a tempo de apanhar a peixaria aberta…. Azares.

Vai daí, o tempo passou e nós a esgotar os nossos recursos e habilidade para dar alma ao balde com uns peixitos quando olhei para a entrada da doca e exclamo:

- Edmundo? Olha quem vem ali! – Não me sendo possível evitar uma forte gargalhada – Estes tipos são do caraças….

Então apostámos em observar a cena. Neste ponto, já nos ríamos não pelo que víamos mas por antecipação.

Um pescador no seu barquito, de avental… dos verdadeiros, entrou na doca a rebocar o“catita” de recreio e nele os três marujos agarradinhos à…. Espera lá! Eu disse três? Mas eram quatro? cadê o outro?

O pescador largou a corda, deu meia volta e voltou para o mar enquanto as nossas estrelas ficaram de novo à deriva perto da rampa do clube. Foi nesse momento que as nossas mentes sossegaram…. Afinal lá estava o outro, tolhido e encolhido de todo… mas lá estava. Ia à frente ao lado do piloto, quase imperceptível.

Desenrolou-se de novo a cena do remo… chlap, chlap, chlap… e a custo lá conseguiram acostar à rampa. De imediato o diminuído foi ajudado pelos companheiros e levado para a rampa, onde se deitou, imóvel, à custa de um colossal enjoo… “almareado” como diz o povo, almareado…

Entretanto chegamos à cena maior (para mim) desta aventura!!! A retirada do casco para o seco.

Vai de descair o carro com o atrelado para a água. Lentamente, com prudência e ajudado na manobra por um deles… Venha!!! Venha!!! Venha!!!... Depois com a destreza já imaginável pegaram na cordinha e puxaram o barquinho para cima do (já submerso) atrelado e … (neste ponto, vale a pena referir que o automóvel estava “mesmo” com a traseira “na” água) vão de abrir a porta da bagageira para ser possível accionar a manivela de tracção. Ora, de porta levantada e com o ondular das águas, o mar lá subia parte da rampa…passava a frente do carro… e logo descia lavando pneus e a parte debaixo da viatura (o traseiro… pelo sim pelo não, lavadinho por baixo, como dizia o outro) e eles a dar à manivela…clinck, clinck, clinck e as ondinhas, suavemente, a tirar medidas ao parachoques, para cima… para baixo.... e o barquinho a subir, a subir.

Já falei nos rebocadores, aquelas máquinas infernais (lembro-me do nome de um deles… o Spartacus) que puxam os mastodônticos navios que aportam a Sines, e como estávamos na sua doca, o vai e vem destes era bem regular pelo que, ao momento, eis que entra um revolvendo aquele espelho d’agua e revitalizando o bater das ondinhas, que então sim, invadiam a rampa com gosto, sem quebrar, espraiando-se cimento fora…fshhh, fshhh, fshhh.

E não é que aqueles totós nem isso previram? E não é que as ondinhas galgaram de tal modo que o mar quase, mas mesmo quase, entrou pela mala adentro?

Bom…

Se tivesse entrado (e a bagageira era bem espaçosa) teria provocado uma baixa na maré e aí, talvez tivéssemos tido a sorte de iscar uns peixotes e safar a jorna. Mas não, roçou a matrícula, um pouquinho mais acima talvez e quedou-se por aí…. Foi pena….

Ah!!! Mas já me esquecia!!! Depois de terem retirado o carro, raspando a chapa de matrícula do atrelado pela rampa fora, eis que se levanta (só nessa altura) o esverdeado marujo, a custo e ainda cambaleante, vencendo a inclinação, regressando ao plano vertical assente no horizontal, sem mais ondas…

SINES, lido ao contrário, dá “SENIS” e… francamente, pouco faltou para isso… ancoraram nos totós, e pronto.

05 outubro 2006

REESCREVA-SE A HISTÓRIA - 1ª PARTE

D.Dinis, O Lavrador, vive...
A sua rainha santa - D.Margarida de Bugalheira ( e não Isabel de Aragão, como conta a história ) lá está sempre a seu lado, solícita e paciente, sempre atenta às suas inspirações.
Não se lhe conhece o epíteto de "poeta" mas há quem o tenha ouvido declamar, com algum recato e pudor, diga-se, rima do mais refinado calibre... como aquela que se perde nos tempos... Onde ides, senhor Doutor, com esse ar tão apressado ?? Vou a casa do.... bom, fiquemos por aqui. O mistério daquele seu pudor e recato teve a ver com a presença do seu Infante, D. José de Bugalheira, num lauto jantar com familiares onde, por entre embaraço mal contido, lhe teria sido mui difícil "explicar" o conceito de "garrafa" num contexto erótico-romanceado. Adiante.
Tornou-se, isso sim em "O Lavrador" depois de anos e anos a cavalgar no asfalto.
Eu, cronista e presente na comezaina, tive o privilégio de o acompanhar em ronda aos seus domínios naqueles dias lá passados por nefasta ( mas vencida ) enfermidade da senhora de Bugalheira e assim testemunhar os seus dotes rurais.
Vastas e vastas extensões de abóboras, plantadas nos socalcos de suas propriedades, preguiçosamente estendidas ( foram semeadas fora de tempo ) por entre chão de vinhas e néctares, como se de brincos se tratassem a ornar singelas e delicadas orelhas de damas da corte. Verdes folhas em cascata com pendentes alaranjados fortes e de vários calibres a acariciar os pescoços finos das damas vinhas. A seu lado, as suas plantações de pimentos e tomates, eram simples e tímidas expedições rurais.
Mirando o altivo D.Dinis e vendo o cintilar de felicidade no seu olhar ( ei-lo às sete da matina "cava e rega" diário ) percebe-se a vocação de... " O LAVRADOR ".

04 outubro 2006

Vida de Capelão

O título leva-nos ao tão conhecido fado “RUA DO CAPELÃO” … “ Tenho o destino marcado, desde a hora em que te vi… lá-lá-lá-la-ri-lá-lá….

Mas não.

Isto hoje tem, de facto, a ver com a força do Destino. Mais…. Tem a ver com ele e com o divino patronato, entendendo que um sacerdote é efectivamente, não só um “servo” mas também um fiel empregado do Criador.

Não vem para o caso se auferia o ordenado mínimo ou mais ou se, como em voga na actualidade, estava integrado em algum tipo de agência de emprego repartindo a sua massa salarial da forma mais desequilibrada possível…. Uma para mim !!! Três para a agência !!! adiante ……

De fictício tem os nomes da localidade, do padre, como as coisas se passaram e mais um ou outro interveniente, por uma questão de respeito. De resto aconteceu mesmo, e passo a contar.

Honorato era o padre daquela aldeia. Algures por entre as cordilheiras divididas por um rio serpenteante, vasto e raia natural de duas importantes zonas no Norte do País, o seu “povo” respeitava-o e tinha-o como exemplo a citar quando se falasse dos atributos de um padre.

Em Bancres, mesmo antes da Comissão de Festas do Senhor da Aflição, em importância, o topo das atenções era o Padre Honorato. Havia mais de uma vintena de anos, trinta até, se calhar, que aquele pastor enredava as suas ovelhas nos melhores caminhos para os ovis do Senhor, a esforço de muita prédica, práticas e homilias, isto para lá das prestações sociais e comunitárias que faziam dele mais do que um servo…. Um santo…. Isso sim…

Anos e anos a fio a “dar-se” à sua paróquia e ás suas gentes. Uma missa de graça para isto, uma participação na procissão ( de borla ) para aquilo, uma saída com os confrades da comissão para ajudar n’aqueloutro, uma incessante e ininterrupta voluntariedade para tudo que fosse e dissesse respeito a Bancres… e olhem que tempos difíceis se passaram por aquele lugarejo!!! sim senhor… tempos de fome, falta de trabalho e condições dignas de estar das pessoas, com restritos horizontes e poucos proventos. Basta lembrar que aqueles vinte ou trinta anos de vida e labuta foram testemunhas de uma emigração desenfreada para lá dos Pirinéus, de uma guerra colonial a ceifar vidas e mais almas em três frentes – sem contar com a Índia, antecâmara dos conflitos – e para nem tudo ser mau - … pelo menos promissor, uma revolução dita dos cravos veio dar forma a uma nova forma de vida onde de cravos se passou aos “cravas” dando apenas umas migalhas ao grosso da coluna, para não contestarem muito.

Durante estes bilros que teceram a manta dos dias, até há bem poucos meses, aquele santo… o padre Honorato, lá esteve na primeira linha.

Mas nada disto teria sido possível se ao seu dispor não tivesse um carrito. O seu velho, resistente e sempre fiável meio de transporte que nunca o deixou ficar mal, nunca avariou ou se negou a “participar” no seu missionário espírito. Dizem que, para além das bielas, pistões e demais ferrarias, o seu excelente e espartano comportamento se devia ao pequeno depósito de “ bpf “ que é como quem diz… BentoProtectorFuel que guardava a santificada água tirada directamente da pia baptismal.

E assim foi, todos os dias, todos os meses, todos os anos.

Até que desceu do calendário a data dos ( tais ) vinte ou trinta anos de presença na paróquia que proporcionou ao povo o momento único de poder agraciar e agradecer a tão humilde e singela figura, tanta dedicação e devoção.

O senhor Ezequias mais o Roberto d’Azenha, encabeçando uma sólida e determinada comissão – desta vez não da Aflição mas da (re)compensa(ção) fizeram voto de silêncio entre o povo e este, de alma calada e voz escondida ( Honorato não podia saber ) trataram de fazer um peditório para a “prenda do senhor Padre” sendo o objecto da mesma, imaginem !!!... um carro novo !!!!! Isso mesmo, um carrito novinho em folha para que santo Honorato pudesse, com segurança, andar nas estradas para seu belo prazer ou a desenvolver a sua caridosa, voluntaria e prestimosa actividade.

A assim foi.

Toda a gente deu, uns mais do que outros, uns mais do que podiam, e outros ainda o que não tinham, para lhe proporcionar tal alegria !!!

Festa, foguetes, banda a tocar no coreto e toda a gente, todo o mundo a correr para o adro da igreja, uns a pé, outros de mota, outros de carro e… imaginem… alguns de carreto, para “darem” o seu presente ao “nosso querido” Honorato.

Ele foi vinho, picnicadas, cervejas e festarolas e “torcidas” mal curadas e um “oh!!!!” de pasmo, incredulidade e espanto que deixou o padre quase apoplético, quase a desmaiar, quase a pecar, idolatrando o novo “ bolinhas ” como há muito não fazia para com os seus ícones na casa do Senhor e isso Ele, concerteza, perdoar-lhe-ia.

E foi assim que se eternizou o nome deste padre, desta terra e destas gentes.

Umas semanas depois, antes de vencer uma primeira ponte, o padre Honorato esqueceu-se de uma curva e precipitou-se ravina abaixo, entregando a sua alma ao Criador.

Coisas do destino?

Ajuste de contas patronal?

Injustiça e desperdício?

Gratificação para além da remuneração, dando como bónus uma viagem ao Paraíso?

Venha o diabo e ….. escolha.

25 julho 2006

CONTRASTE

Dias intensos de calor com intenso calor à noite.
Em vez de um "Sonho de uma noite de verão" a partitura foi outra!!!!!
Ocorreu uma tempestade ao cair da noite. Com ela relâmpagos de rancor, inveja e vingança, num ajuste de contas em que ao retirar a faca do corpo ( e da alma ) a mesma cortou com os dois lados da lâmina... ferindo o agressor como o agredido... o inocente\ofendido com o ofendido\inocente, mas rasgou, dilacerou a carne e os sentidos e o mais grave ainda.... fez acordar os etéreos corpos de Pai e Mãe, cujas lage e gavetão de sepultura, tremeram e se deslocaram deixando espaço para que os seus fantasmas assombrassem a minha memória em estertores de espanto e do inusitado por tudo o que aconteceu nesta noite.
Quixotescamente, de lança em punho, alguém avançou para os seus fantasmas mas para um campo de batalha diferente, errado... daquele onde os seus moínhos rodavam, enfunando nas sua velas os pretensos acessos de loucura, violência e frustação, pós traumáticos de um stress que ninguém quis mas que a alguém a sina e a desdita lançou, qual maldição??
Sonho foi quando acordei nessa noite e enquanto experimentei a sensação de ter estado a sonhar algo desagradável.... alívio afinal !!! Pesadelo foi quando no torpor do acordar entrei no estado consciente e me confrontei com a percepção de que, afinal, tudo fora verdade e que no dia seguinte o amanhecer iria ser igual a todos os outros mas não mais o mesmo... bem diferente por sinal....
O jovem milícia que rufava o tambor levando (d)os ventos de guerra não se encontrava lá.... Uma viseira fechou o elmo e fez-se á carga escolhendo o alvo que ao acordar nunca supôs vir a ser nem um tambor de campanha nem um bombo de festa.... porque esta nunca houve.
Fez-se a tristeza e caiu o pano.

17 julho 2006

A sina de um nome

Próspero é um nome igual a tantos outros, incomum é certo mas recenseado nas listas telefónicas onde, particularmente, é citado como último.
Um pouco contra a regra o meu é o primeiro, daí que mais dúvidas suscita aquando da apresentação e a sua manipulação mental traz momentos engraçados... eis alguns...

Próspero de tal e tal, muito gosto.....

..... e em resposta...

- igualmente senhor Procópio
- muito gosto senhor Prospério
- o prazer é meu senhor Próprio
- que nome engraçado... Crósquero
- esteja á vontade senhor Fósfero
- sente-se Frósfrinho
- Olha o Popinho
- Como ??... Próstero ??...
- Pergunte ali ao Próspe
- Próspru... que nome....

e por aí adiante, caso a memória me devolvesse outros momentos "castiços"por força das circunstâncias mas....

a última aconteceu por altura do aniversário da minha filhota mais nova, neste fim de semana.

Privando com determinada pessoa com quem tinha estado há cerca de um ano esta, de copo na mão dizia-me.... Então, deite lá aqui um pouquinho de espumante... senhor Nhocópio !!!... se faz favor.

E sem favor mas com uma (contida) vontade de me rir, lá a servi, ciente que este não será o último... não senhor....





16 julho 2006

MEU LAR É O BOTEQUIM


Estive em lista de espera para ler este livro.
A minha Cinusca tomou conta dele e de capítulo em capítulo, lá foi dando uma dica aqui, outra mais além e de consenso foi o "sal" com que temperou as expectativas de quem ainda não tinha lido a obra.... E logo eu, hipertenso crónico... a mim, ninguém me proibirá este "sal".
E eis que foi chegada a minha vez.
E eis-me, neste últimos momentos de leitura, apostado em exteriorizar o conteúdo do MEU LAR É O BOTEQUIM, rindo sózinho, falando sózinho e depois da obra lida, ávido por passar a curiosidade ao próximo e estabelecer uma empatia, por virtual que fosse, com todos os personagens, locais e texturas do ambiente grávido que "pariu" este filho de longa gestação, assistido por uma equipa de estalo ( Bule, Osório, Carne-Seca, Seis-com-Fome, entre outros....) e onde Edu Goldenberg seu progenitor lidera um processo de registo-patrimonial de uma comunidade fiel às suas reminiscências e origens, levado à "barra" nos mais importantes tribunais populares da Tijuca e Vila Isabel... os butecos... entre eles o "Estephanio's" palco das divertidíssimas ( mas sentidas e afectivas ) cenas que fazem dos personagens uma fortaleza expugnável onde "junta-te aos bons e serás mais um" mas antes....prestarás juramento na "Primeira missa" e mais à frente ( ou atrás ) venerarás a "santinha do edifício Chana" .
E tudo isto sob a égide de um largo Sorriso Maracanã e perante a evidência da frase preferida do Gasolina mendigando..... Do caos nasce a ordem!!!!!
Um livro a ler.... S.E.M.P.R.E
Tenho dito.

05 julho 2006

A ELES....CARAGO!!!!!! parte IIl

De nada valeram as tangas, as missangas, os teleketês,alfinetadas e outras "infernações".
De nada valeu o Hino da Galinha nem tampouco o alento fora-de-horas na parte ll do A ELES...CARAGO...
De nada valeu o apoio dos milhões que pelo mundo subscreviam a nossa SELECÇÃO.
E pronto, esperemos pelo próximo Europeu e Mundial, para voltarmos a este nosso "fado" de tentar guardar um grande chouriço (a ambição de uma final ) numa saqueta mais pequena que aquele ( orçamento, história, e alguma sorte... pois não !!!! )

Obs: Pauleta foi igual a si próprio... Inofensivo... Goleador em França, Ás de jogar bola com o queijo lá da terrinha e eterna aposta bluff do seleccionador.
Deco entrou "seco" desinspirado, amorfo até.
Ricardo não chegou para as encomendas todas, nem é Santo. Ele e os restantes empenharam-se e foram os heróis deste jogo de má memória.
MIGUEL esteve sempre no Olimpo neste campeonato... Paciência....
Já agora; O meu prognóstico é de 1 para a França 0 para Portugal

A ELES....CARAGO!!!!!! parte II

Intervalo.
Perdemos 1-0.
O resultado vai ser-nos favorável mas..... temos que sofrer.......
Nós mais os + de 200 milhões que nos apoiam.
Prognósticos..... só no fim do jogo.

A ELES....CARAGO!!!!!!

Eis o meu apoio aos "Lusitanos" Tugas:

( para melhor sabôr...entoar com a Portuguesa )

HERÓIS DO MAR..... RICA TERRA
POOOR-TU-GUE-SAAAA......
SENSACIONAL...
LEVANTAI HOJE DE NOVO
O TALHER... DO COMENSAL

ENTRE OS PRATOS.... COM VITÓRIA...
TRINCHAI-AAA.... DAI-LHE TEMPERO....
A ESSA GALINHA FRANCESA......
QUE COMEREIS COM GLÓRIA

A PARTE.... A PARTE........
QUE MELHOR SABOR VAI TER.......
TEM ARTE... TEM ARTE....
QUANDO SE PODE ESCOLHER

CONTRA OS FRANGÕES
COMER......
TRINCHAR............

( caso possa, divulgue e não quebre a corrente )

22 maio 2006

Um pequeno conto...

Os dois putos entretinham-se a jogar uma bola de trapos num terreno enlameado da sua rua, cujos taipais mostravam mais do que tapavam e onde aqueles ( e outros ) rapazes exerciam o seu estudo e educação.... as de rua....
Figueiredo e Ramiro eram os compinchas em questão. O primeiro, mais conhecido pelo Fivelas era assim chamado porque já tendo sido um pouco "anafadinho" a vida desatou a pregar partidas à família que, de revés em revés foi parar à mais triste condição de pobrete ( nada alegrete ) e excluindo um mísero barraco ( para albergar os pais, dois irmãos mais pequenos, um cão e uma televisão) a sua maior riqueza era o espaço daquela antiga sucateira... a servir de campo da bola.
O segundo, mais rufia e traquejado nas andanças da valeta, era o Passa-Chuva, assim chamado pelo facto de ser tão magro, tão magro, tão magro... que (diziam por graça) quando chuvia conseguia passar pelo meio dela, sem se molhar. Era, de facto muito esguio, escorregadio até, e que o digam os comerciantes e polícias da zona pois tantas vezes lhes fugira das mãos.... Uma vez até teve o atrevimento de fugir e levar consigo a "prova" do crime, que naquele dia deve ter "aconchegado" os estomagos lá da sua telha.
Paciência.... menos negócio para o Sr. Bandeira que nesse dia fechou a loja com uns dinheiros a menos e uma falta inesperada nos stocks da sua loja. E que lindos e bons que eram aqueles chouriços....
Bom... adiante....
A um chuto do Fivelas não correspondeu, desta vez o Passa-Chuva com uma daquelas habituais (e boas) defesas em que se revia, qual galáctico, a levar o ´"bruááá" a todas as bancadas, pela emoção de um golo.... afinal impossível.
Também não foi golo pois que, a avaliar pelos seus parâmetros, a bola foi alta de mais, passando muito acima da "barra" que não existia, restando apenas os "postes" marcados com duas latas d´óleo já enferrujadas.
E a maltrapilha da bola lá foi cair junto aos taipais do terreno. Para lá deste a rua servia de "fronteira". Para cá, deste lado do taipal, a miséria.... para lá daquela rua as casas das pessoas com dinheiro. importantes....
Os dois precipitaram-se para lá. O Fivelas meteu o braço entre os taipais para arrancar a bola do passeio e salvá-la de algum passante mais malandro que a chutasse para nehures. De cara na taipa cruzou o seu olhar com a janela do outro lado da rua !!....
- Passa Chuva... Passa Chuva... anda ver... anda ver quem está alí.
Já aquele se estirava ao seu lado e da sua boca saía um espantado Oh!!!!!!....
- É o Bernardo, pá!!!!!!!!!!! É o Beeern...ardoooo, pá.... Afinal o gajo mora ali !!!!!
- Pois é..... sempre é verdade que que o gajo é rico com'ó caraças.... Já viste bem ?? Olha p'ró tipo sentadinho a pôr manteiga no pão.... e com criada a encher a tijela - exclamou o Fivelas espantado !!!! arrematando...
- É mesmo rico......
- Mais do que isso !!!!! É Riquíssimo
- atalhou o Passa-Chuva...
- Como sabes ??? - Disparou o Fivelas entusiamado...
- Porque ele está a pôr manteiga nos dois lados do pão.... não vês ????

(Portugal é o país da CEE com mais baixo valor per capita e com um maior
fosso entre as classes baixa e alta, percebendo-se o desgaste da dita média pela profundidade encontrada naquele)





21 maio 2006

A ponte é uma passagem

Para a outra margem, lá diziam os "Jáfumega" na canção.
Lembram-se de ter falado sobre uma ponte que estavam a construir lá no local paradisíaco que frequento, tanto quanto posso ?? Aliás, tal lugar tem sido objecto do meu dizer neste blogue pelo que de bem nos faz, a mim e à minha cara-metade.
Enquanto a "pequenada" se geria sob o nosso tecto, também para elas este local lhes fez bem, muito bem mesmo.... ao ponto de, agora cada uma em sua casa, o citarem sempre com saudade e nostalgia ( da filha que está longe, muito longe... ) e da filha que em sua casa ( está muito perto de nós ) anseia por lá passar uns dias, lembrando-se dos tempos em que "pigoitávamos" por lá.
Quanto à ponte(zinha) a substituir uma precária passagem do ribeirito, vamos às imagens:

Antes:
Depois:
Acabadinha de construir esta ponte assegura o frenético correr do ribeirinho alentejano que, tal como o "Basófias" de Coimbra, desafia as leis do caudal.
No Outono vai recebendo águas e no Inverno, corre mais ou menos depressa e cheio e depois, na Primavera, dá-lhe a preguiça e seca (ano passado foi assim) e por fim no Verão, deita-se e fica a ver as pessoas a passar o seu vau, à sombra da frondosa árvore que lhe acalma o calor da terra seca, estaladiça.
Dá para mais umas tomadas de cena... vejam:




e assim ficamos a perceber a "enorme" evolução do lugar.
O marco geodésico fica à mão e em segurança, o caminho grande tem uma passagem firme e eficaz e até os homens que levam o gado para as pastagens não têm que galgar a "ribêra" em equilibrismo pois ela "nã vá cheia" nem o amor (deles) está na outra banda, também como diz a canção.

Como vêem, nada como passar por lá e ver como está a coisa ( qualquer dia dou-vos as coordenadas.... cshcshcshcshcsh....hihihi... qualquer dia.... lá para 30 de Fevereiro... cshcshcsh..)

E nada como deixar no ar um "cheirinho" no ar...... vejam:












Meu Deus.... como gosto disto......

Deliciem-se.

GU-GU DÁ-DÁ....UAHHHHUAHHHH !!!


Reparem nesta Princesa
Quem diria que a sua Mamã é a mesma que, há uns 25 anos, dizia do alto dos seus 4/5 anitos: " Oh Mãe...aqueles senhores estão a falar noutra côr!!!....
Maria João e Victorino, estais de parabéns por esta lindíssima bebé. Menino ou menina, como sempre, o que interessava era nascer bem, saudável e catita.
Para o avô João... ainda não é desta, o rapazinho... Para a avó Nanda.... uma grande, enorme, alegria... para a TiTi... calculo igualmente uma alegria e a criação de uma nova ordem ( a da Tia Avó ). E para as (agora) tias desta bébé, bom... de A a Z esgotam-se os nomes os piropos.
Não há babette que chegue para toda esta gente.
Parabéns a todos e..... a mim (e à Cidália ) também.....

DRAGÃO



Este ano, mais uma vez, o FUTEBOL CLUBE DO PORTO conquistou A Liga de Clubes e para gaúdio de todos (ainda mais) veio ao estádio de Oeiras conquistar a Taça de Portugal.
Quero aqui registar o facto e felicitar todos quanto foram responsáveis pelo feito.
De uma SAD à equipa, do treinador ao mítico e já histórico presidente Pinto da Costa, não sem passar, pois claro, pela massa associativa essa "massa crítica" que demonstra domingo a domingo a intensidade de uma paixão, levada (condenavelmente, ás vezes) aos extremos.
Em minha sincera opinião pensei que este ano não iríamos, de novo, conquistar estes troféus. Pela mudança de treinador e sua fixação em "pôr de lado" mais valias como Jorge Costa, Victor Baia e Postiga, entre outros. Depois foi a percepção de que na segunda metade do campeonato ainda se escolhia a equipa e a táctica e finalmente me parecia que o anterior trabalho do SLB lhe proporcionasse um novo campeonato.
Para além disso a quase convicção de que o treinador Colleman iria suplantá-lo em método, técnica, táctica e cordialidade. Felizmente não aconteceu nos três primeiros, de resto foi para mim uma figura exemplar de sobriedade, educação e profissionalismo.
Imperou a teimosia e frieza de Co Adriennse, obstinação num sistema ( contra tudo e contra todos ) e fé na "matéria prima" que depois tanto frutificou e provou ser a melhor.
Hoje, uns dizem que o treinador "deu" dois títulos ao meu querido FCP, outros dizem que foi o contrário e ainda outros pensam como tudo seria mais fácil com este e/ou aquele que foi posto de fora... enfim, para todos os gostos.
Por mim, a "equipa" ganhou e chega... e basta. Mais uma vez desceu do Olimpo e competindo com as divindades terrenas dando-lhes a glória de terem sido uns dignos e renhidos adversários que nunca baixaram braços.
Um S L Benfica e um S C Portugal como eternos candidatos e um F C Belenenses e um V Guimarães como improváves na descida, foram os antípodas de uma tabela que se quis, nesta edição, bem mais competitiva quanto surpreendente.
Para todos, sem excepção, as maiores felicitações e felicidades para o futuro.
Para o FUTEBOL CLUBE DO PORTO que cada vez mais se escancarem as portas do sucesso, quer "equipando" o treinador ou treinada por este.
Bem hajam.

AQUELE OLHAR....

Estive a rever umas fotos.


Olhei atentamente esta, mais esta e mais esta e ainda mais aqueloutras que se seguiram. Aos poucos fui-me apercebendo do riquíssimo património genético de que a família dispõe e ostenta com tanto orgulho e prazer.
Estes olhares são uma amostra dessa mesma riqueza, mais valia de que não abdico.
Alegres e joviais...
Azuis lindos.... outros esverdeados e até se consegue uma mescla de ambos ( que pena as fotos não terem sido tiradas específicamente "aos" olhos ) e a esses não são estranhos uns fortíssimos olhos castanhos, tão profundos como exóticos e tão belos comos os restantes.



Três... as contas que Deus fez.... diz-se.... Mas no caso são quatro. Não me ocorre agora uma foto da MJ ( também ela linda, de lindos olhos e fino recorte ) mas nem por isso deixa de ser tão ou mais importante. Aliás... assume ao momento a importância maior por de sua madre ter desabrochado um lindíssimo bébé que terá lugar em outro bogue.
E mais este olhar, de uma outra sobrinha, a lembrar que toda a família é linda.....

Lindas de morrer....






19 abril 2006

ELES...NO ESPAÇO AZUL


Este é o Mané… carinhosamente, por mim, apelidado de Tangas.
Filho de profissão… sobrinho por hierarquia, “engenhocas” por excelência para além de filósofo, informático, projectista, adivinho, senhor da razão e de todos os argumentos com uma grande capacidade para “fazer” filmes e ainda com uma enorme capacidade para viroses. Como em tudo, é generoso quanto baste e por isso proporciona à família duas por ano: Uma em Maio e outra em Outubro… Coincidência (ou não) são as alturas das notas e resultados escolares.

Senhor de frases impressionantes estabeleceu um novo máximo quando me disse:

- Ena Tio…. Só de te ver a fazer esse gesto de levantar o boião da água… fiquei com uma dor nas costas….
Nota: tratava-se do recipiente que levamos para a mesa.
Sempre soube da sua enorme vontade de trabalhar e capacidade empreendedora mas, tanto…. Não!!!
Ainda por vocação, é um excelente “turista de sofá” e não há “sofaómetro” que consiga avaliar as viagens e os destinos por ele protagonizados naquele tipo de locomoção. Bahh… fantástico.


Em primeiro plano a Sara.
Carinhosamente apelidada de Covinhas por todos, e de Pigoita, por mim.
Ágil que nem uma gazela, com uns lindíssimos olhos castanho esverdeados será, num futuro não muito distante, um quebra corações para todos os pretendentes da redondeza. Igualmente filha de profissão… sobrinha por hierarquia, tem um poço de ternura para dar e vender e é ainda possuidora de uma vitalidade tal que, as pilhas Duracell, à sua beira, são meras bombinhas de rabear das festas de S. João.
É igualmente uma (mas não tanto) adepta do “turismo do sofá” e é certo que uma televisão ligada a “cola” ao piso.
Causa saudades a qualquer um… e a qualquer um causa dissabores de primeira ordem quando, senhora das cartas, nos arrasa com as suas jogadas de mestre no “eleven“ que nos deixam de olhos em bico ( e não somos asiáticos ) e pontos no papel.
Embora com bastante poder de argumentação não suplanta o seu mano mas os dois, juntos, seriam (sempre) um caso sério na Assembleia da República e onde fosse preciso por os “cabelos em pé” aos mais afoitos políticos.
Incondicionalmente adepta das telenovelas, curte a que tem morangos como ninguém e até se mostrou surpresa e afectada com o desaparecimento de um dos (jovens) actores num acidente de viação.
tAMBÉM ELA teve o seu momento alto quando, no Badocas Park (ao mostrar-lhe uma foto minha tirada por ela) me disse: Ó Tio?! Não gosto nada dessa… pareces tó-tó !!!! A terminar, uma constatação: ela e o “engenhocas” do irmão fazem os da luta livre parecerem bebés de infantário… ah, ah, ah….

Ora cá estão os papás dos meus “mafarriquentos” e queridos sobrinhos !!!!

Cunhado Duarte, amigo, o povo (nós) está(mos) contigo e reconhecemos a tua enorme paciência e disponibilidade assim como a grande capacidade para enfrentares o “muro de argumentações” que estes malandrecos constroem em torno de questões importantíssimas com que se degladiam…
Toda a gente fica a saber que já ganhaste o Nobel-Paciência em 2005 e o da Disponibilidade em 2006 e te aprontas já, nos treinos, para 2007 J

A Covinhas é mais assim: - Oh Pai, olha o Mané que não me deixa jogar na PSP dele… ou então… O Mané não muda o canal para o coiso dos morangos !!!!!
O meu querido Tangas é mais assim: - Sara… deixa-me ver esta “cena” porque coisa e tal é que está a dar e tu não precisas de ver isso !!!!!

Aí, com todo a calma, carinho e paciência deste mundo, impõe-se o Duarte com a lapidar frase: - Não inventes, Mané !!!!... que normalmente “arruma” as questões.
Para além destes “graves” problemas ainda tem que lidar com outros de menor importância (??:)) que o levam (de calda química em mão, lol ) aos quatro cantos desta ibérica península a espalhar a palavra (e a calda) do senhor (seu patrão) esperando avidamente que se consuma o milagre das “rodas” pela conquista e evangelização de novo apóstolo para as terras de além Madrid a caminho de Barcelona, que começam por um Z e terminam em …Goça….

Estou mesmo a vê-lo de saco no regaço, ouvindo!!: - Dizei-me D.Duarte que levais aí, ao regaço, nesse saco tão fecundo ?? ao que ele responderia… Nada, senhor meu chefe e meu patrão!!!! São quilómetros… senhor… são quilómetros que eu poupei nas minhas rotas do mundo !!!!!! Graças à conversão do discípulo à palavra de vossa Senhoria!!!

E a minha querida mana ?? Que dizer da nossa Nídia, Nidocas para os mais íntimos…


Um pouco menos paciente que o seu par, gasta mais umas “palavras a abater” para obter consensos nas discussões e oposições dos mafarricos mas lá consegue levar a água ao seu moinho.
Tendo uma certa capacidade para delegar a resolução de alguns problemas e funções no seu extremoso esposo não é menos verdade que gere uma grande empresa de logística, que a leva a alguma exaustão… Veja-se a LevAscola.Trans a rodar semanalmente entre a sua casa e as escolas dos “chavalitos” para se cumprirem os compromissos com a sua outra empresa, esta de catering, a ComamLá.Rest por forma a estarem alimentados a tempo e horas escolares.
De permeio, a lide dos escritórios centrais destas empresas… a manutenção do espaço Zoo que embelezam o ambiente, quer em fauna ( dois gatos; um canário; dois aquários ) quer em flora (plantas, mais plantas). Isto, sem falar ainda do cargo de Relações Públicas que detem na firma ManeSara.escol e que a leva com alguma frequência ás reuniões escolares dos seus “pupilos”. Uma canseira !!!!!!
A CEE proibiu agora o azeite em galheteiro e anteriormente, a colher de pau no serviço alimentar e porque a Nidocas já não pode distribuir “galhetas” (conteúdo do galheteiro) contrariou a normativa e… ficou com as “colheres de pau” com as quais vai resolvendo as questões mais difíceis, dando “de comer” aqui e ali, ora a um ora a outro (quando não os dois) resultando num tempero equilibrado, que nem os comensais contestam J

Diverti-me imenso com todos eles e espero que se tenham divertido connosco e agora noto que me diverti igualmente a fazer esta narrativa, que espero seja tão gostosa de humor a ler como o foi para mim ao escrever.

Gostamos muito de todos eles e assim homenageio a sua condição familiar e amiga.

Não invento mais…

Gosto muito de vocês…

ESPAÇO AZUL

Poderão os mais perspicazes deitar o título desta crónica para um entendimento desportivo pelo facto de o meu clube estar prestes a vencer (mais um) o campeonato nacional de futebol da Primeira Liga, espalhando o seu azul (e o branco, claro) pelos céus do nosso contentamento e do deste cantinho luso, ultimamente ensombrado por umas nuvens… um enevoado e uma claridade própria da Páscoa e da altura do ano.

Desenganem-se, pois, os mais afoitos.

Espaço azul tem a ver com Setúbal e periferia, tem a ver com tradição e reencontro, com as férias escolares e profissionais dos familiares que recebemos em nossa casa durante estes últimos dez dias.

Após a nossa ida ao Norte eis que a moeda de troca “rolou na bancada” e saldou contas.

Entre uma visita e outra espaçaram (pasme-se) … um dia… isso mesmo…um dia e quando os recebemos parecia que não estávamos com eles “desde ontem” mas sim há bastante tempo, tal a alegria e a satisfação do reencontro.

Pois bem:

Foram a irmã Nídia mais o cunhado Duarte o sobrinho “engenhocas” Mané e a “pigoita” sobrinha Sara (Covinhas…para os mais chegados) a pedra de toque destes excelentes dias.

O que fizemos ?

Os dois primeiros dias serviram para o descanso do guerreiro. Duarte o “cavaleiro do asfalto” desta feita andou sempre a pé, passeando e visitando esta sala de visitas do Sado, rio de nossa afeição e antecâmara de um Alentejo que nos haveria, igualmente, de acolher. Não deu assim “trabalho e de comer” aos cavalos da sua viatura e pôs de lado a engenharia química que o faz rodar pelos quatro cantos, peninsularmente Ibéricos.

Convívio com a Família… com os filhotes… Descomprimindo e recuperando, partilhando (às vezes consigo próprio) do sossego e da calma do momento e, claro está, da nossa satisfação em os ter cá.

Gizamos planos que puderam ser elaborados a contento, a saber: - Uma visita à Sesimbra piscatória e turística (outra sala de visitas) ....


uma ida ao Cabo Espichel (com tanto de magnífico como de abandonado)



e um regresso pela lindíssima Serra da Arrábida, dama de longas saias em cujas faldas se anicham os mais belos recantos de paisagem natural, praias e por
tinhos para deleite dos passeantes….

Uma aventura no Rio Sado para a observação dos golfinhos e paisagem envolvente…


Uma ida ao Alentejo onde, na orla marítima entre Santo André e Sines se encontra no Badocas
Park a iniciação a África e sua fauna

(mais que a flora, presumo) ou à evocação dessa mesma África para os que nela estiveram e viveram (cultivando, segundo dizem, uma saudade e uma memória inigualáveis) … e por último (mas não menos importante) uma ida a Lisboa para uma visita ao Planetário Calouste Gulbenkian

onde uma nova tecnologia de projecção permite dar-nos a conhecer melhor os céus de Portugal e a mais variada temática do Universo, conforme os programas do dia. De qualquer forma, uma preocupação didáctica para que os nossos sobrinhos assimilassem novas informações e conhecimentos (ou reformulação destes).
Fizemos tudo isto, cumprimos o “programa” mesmo com relativa ajuda do tempo e ainda nos sobrou tempo para “abrir o casino” com sessões (após o jantar) do “Eleven” a obrigar-nos a uns bons momentos e onde a Covinhas mostrava a sua perícia em acabar o jogo e nós a contarmos os pontos na mão…a somar aos anteriores…
Quando partiram, ficamos felizes por os ver igualmente satisfeitos e prontos a enfrentar de novo o ritmo da escola, de casa e do trabalho, respectivamente pensando já em novas aventuras.

Foi bom… voltem sempre.

12 março 2006

Ainda os trinta anos....

Que dizer destes festejados trinta anos de casamento que ocupou já uma "letritas" neste espaço e no da filhota Fatinita??
Tudo e nada. Sim, digo isto porque toda a sua cumplicidade ficou aqui (e lá) registada em palavras, fotos e gestos.
De todas as lembranças foi, quiçá pela distância ( Boston não é ao virar da esquina ) e pela ausência ( por isso não se voa por dá cá aquela asa :) a mais marcante e afectiva. Um momento imparável.
Todavia, e porque a nossa outra filhota ( a de cá ) tinha agendado para sua casa um almoço de fim de semana a comemorar ainda o evento e em encerramento das festividades, não imaginavamos nem sabíamos o que ( mais... ) nos esperava.
O enredo era simples. Porque estivemos fora na data festiva, própriamente dito, faríamos o almoço no sábado seguinte ( ontem ) em ambiente familiar e recatado, privando com a nossa já Tenente mais o seu Alferes ( casados civil e militarmente ) ... na intimidade familiar. Estão a ver ....
Apenas uma amiga comum estaria presente. A TéTé ... e mesmo a sua presença chegamos a por em causa, nao por não a querermos mas pelo simples facto da sua filhota fazer anos nesse dia e com uma netinha ( linda Leonor... ) de leite admitirmos a sua presença naquele e não no nosso evento.
Mas a TéTé veio ao nosso festejo ( pensamos que o jantar seria na filha, a compensar...) e foi logo directa para casa da Eduarda e do Eurico e a filhota logo nos ligou:

- Venham daí porque a Teresa já cá está!!!!!! veio logo para aqui...

Assombro nosso...

- É porque trouxe carro... boa... de Lisboa aqui... arrojada mesmo....

E lá fomos para o quartel dos nossos filhos militares, prontos para a "guerra" que é como quem diz... garfo!!! firme.... colher!!! sentido.... apresentaaarrrrrrrr!!!! faca..... olhaaaarrr copo!!!! direitoppp.....

Foi ao entrar em casa que a "revolução" aconteceu !!!! A seguir ao habitual e rasgado sorriso da filhota ( e ar cúmplice do Eurico maridão ) e franquear de portas até à ( fabulosa ) sala de estar... a TéTé lá estava... e de repente apareceu o Eduardo dela!!! ( carinhosamente apelidado de Balholha e avô Cocas ) e... logo a seguir o Rucas genro deles!!!! e... a Cris!!! mais sua Leonor ( NôNô para os mais íntimos...sim... porque bébé tem as suas exigências...) .
Fantástico... os nossos queridos amigos de Lisboa estavam cá por via da astúcia da nossa filhota que em absoluto sigilo nos negou a antecipada alegria de os ter...... Exultávamos de alegria e de surpresa.
Se fosse possível visionar a cena em câmara lenta veríamos os sorrisos e as cores abertas de todos, congestionados pelo factor do inesperado e em absoluto vergados sob o brilho dos olhares... e os movimentos lentos dos efusivos abraços e afectos... que dia lindo ia ser aquele.
De repente, um som familiar...
Queridos!!!! E nós também cá estamos!!!!!
E a Ci ( a minha metade ) a dizer, estupefacta... Dina... Armandina!!!!!!!! e eu parvo já de todo ainda a recompôr-me de uma e a entrar noutra, vi a Dina.... O Melo.... a Rosarinho ( umas das lindíssimas filhas deles ) ... e a fechar a oitava maravilha que foi aquele encontro... a Teresa do Espigueiro !!!!! Não queríamos acreditar !!!!!
Os nossos amigos de Gondomar... os nossos fraternos e queridos amigos de Gondomar ( ainda a expensas da diatribe da Eduarda ) vieram a Setúbal para privar, enriquecer e dar um novo tom ao dia que preconizávamos.
A apoplexia foi total... Incrível... Como foi possível...
A presença de todos estes amigos foi uma prenda fantástica, assim como a sua alegria e participação.
A gastronomia desse dia foi memorável. Os nossos filhos foram incansáveis: madrugaram, cozinharam e sociabilizaram como ninguém.... foram inexcedíveis. O empenho a mestria e a VOSSA dedicação não tem preço em lado algum.
Uma particular ênfase ao trabalho do Eurico na confecção daquela cozinha e doçaria impressionou-me. Aliás.... impressionou toda a gente se bem que se sabe o quão boa és igualmente nas questões da cozinha. Filha de peixe.....
Tal como todos os Gauleses fazem ( nos livros de Astérix ) o dia correu sem pressas e quando a noite veio, em torno de um luxuriante fogo ( amor, amizade e gosto de viver ) contaram-se, cantaram-se e interiorizaram-se todas as coisa boas que a vida nos reserva e acrescentamos mais um elo à fortíssima corrente que nos une.
Bem hajam a todos por tudo e... por nada. Foram insubstituiveis
e indispensáveis.
Pinchuça - Tenente.... Não há palavras nem nada que faça encontro de contas com a tua audácia e engenho. Com a tua boa disposição e bondade deste-nos ( também ) uma belíssima prenda, com a ajuda do teu Alferes. MUITO OBRIGADO.
De nós para vocês todos um abraço do tamanho do mundo.
Até sempre...