18 dezembro 2008

Um conto, quase de Natal

Era uma vez um Útero.
Nessa arena de luta e sobrevivência, nas profundezas do corpo, um navegador lutando contra tudo e contra todos (e eram muitos) venceu todas as batalhas até invadir de forma fecunda, o porto de abrigo, amarrando-se a um cais para assim, aceite e ancorado, fazer a mais linda de todas as viagens que um navegador da sua estirpe poderia almejar.
Na nave do tempo, com ventos ancestrais a enfunar as velas do desejo e da fusão, protegido pelos fluxos venturosos da herança dos seus, eis que se criou Vida na madre gôndola e que um dia atravessou o canal de todos os canais para desaguar em novos mundos num só planeta, rotas a descobrir, naquela que será, essa sim, a sua única e indelével viagem.
Aos seus Criadores uma incumbência mais se impunha...

- Que nome dar a este nosso menino?
- Que direito temos a impôr-lhe um nome?
- Por que não há-de ele ter o direito de se escolher a si mesmo, perante o mundo?

Grande responsabilidade a deles... Os comuns dos mortais escolheriam o caminho mais curto e fácil... Serás João, António, Pedro, Bernardo ou ainda José ou ainda Manuel... Mas não. Não seria dessa forma assim tão fácil que descartariam esta questão. Havia algo mais que poderiam fazer e que pudessem legar ao seu rebento.

- Não... não escolheremos o seu nome... ELE é que o vai escolher... decidiram.

Daí em diante, e já quando impunha a sua presença com pequenos sobressaltos, pontapés e outras manifestações de presença no abobadado do  ventre, os Criadores escolheram a citação dos nomes prováveis. Foram muitos, mesmo muitos e compassados, durante o resto do tempo uterino e a eles foi o menino dando resposta.
À maioria dos citados, nem sequer mexia, nem nada de sinal. Esses foram desde logo ignorados apenas ficando um rol dos que físicamente tiveram a sua manifestação.
Deste rol, deu-se lugar a nova citação para confirmar as ditas referências...

- Olha a este não deu sinal
- Repara a este repetiu a mexida...voltou a mexer... viste?

E o engraçado foi que, após confirmação de um punhado de nomes, por mais do que uma vez, restaram apenas alguns deles, sistemáticamente referênciados com as suas mexidas e deslocações .

- É mesmo giro, repara... olha como ele se mexe !!!
- Ai... mexeu-se muito desta vez..
- É, parece que reaje melhor a este tipo de entoação de voz, sei lá...

E eis que se fez a grande travessia ...
E o menino aconteceu, perfeito e robusto, pronto a marear nas rotas e marés da vida,. Menino de sua Mãe, de seu Pai e de Todos quantos o ansiaram e bem quiseram.
 
- Então, vamos lá a saber o nome que queres para esta viagem!!!... seu malandreco....

O bébé agarrou o dedo adulto. De Pai ou Mãe, não vem ao caso... apenas o agarrou ao sentir o tacto... e assim ficou.
E a citação voltou de novo. Mas apenas daqueles nomes já tão filtrados "in útero"... até se quedarem em um só.

URIEL

- Viste? Sempre que se diz o nome ele aperta a mãozita...
- Deixa ver de novo !!!!

URIELLLLLLL.... URIELLLLLL

- Olha!!!!  Outra vez,  sentiste? .... Põe tu o  teu dedo e chama-o de novo !!!

URIELLLLL... URIELLLLL

- Incrível !!!!  Apertou de novo a mãozita... meu querido !!!!!

Então, assim será.
Chamarte-ás URIEL

E assim se compôs um presépio...

A mãe Maria o pai Rui e o ai-Jesus dos seus olhos... Uriel...

(A vaquinha, o burrinho e as palhinhas moram no nosso imaginário e cada um  enriquecerá o conto, acrescentando um ponto)


(
Arcanjo URIEL, por teu nome sabemos que “O Deus é minha luz; ou O Deus é Luz; ou a Radiação de Deus; ou O Deus é o Princípio da Radiação da Luz; ou o Fogo de Deus”.)














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04 outubro 2008

O MELHOR AMIGO DO HOMEM...

Estavam os quatro à mesa mexendo o tempo nos círculos sincopados da mexida dos respectivos cafés, onde o tintilar das colheres embalava a quotidiana presença no mesmo Café de sempre.

- Olha lá, ò Victorino, então para ti qual é o melhor amigo do homem?
- Eh pá... Será um lugar comum mas é mesmo o cão... sim, sim... o cão !!
- Pois, também acho... concordo contigo, oh Brás - retrucou Victorino - concluindo... Esses incríveis e inestimáveis animais... Quanto mais conheço os homens, mais gosto deles....
- Eu cá, acho que o melhor amigo do homem é... a mulher... dos outros - gargalhou o Eufrázio - naquele seu permanente estilo alegre e prazenteiro, com a tal pitada de sal, a pender para o brejeiro - ... desde que tenham licença amorosa e vacinas em dia, por via das coisas, ah ah ah...
-Lá estás tu... só podia ser... Quem te ouvir, comes este mundo e o outro e afinal estás magro como um cão (nem de propósito) com um baixo ventre cheio de misérias, rs rs rs.... - riu-se o parceiro da frente, o Ganhão.
Ora vivam... conversa animada... - disse o Telmo, chegado de casa ainda com o palito a bailar entre dentes, de repasto feito - ... então de que se trata ?
Oh "Bufas" - atirou Victorino - o assunto é simples e corriqueiro... Para ti, oh Telmo (aquele apodo por certo não necessita de explicações) quem é o melhor amigo do homem, pá, ?
Isso nem se discute, atirou o "Bufas" - chamando a si todas as atenções - ... É o autoclismo !!!
- Este gajo está parvo - disse Ganhão, atirando - .... Que bebeste ao almoço, pá, hein ?
- Se um diz mata o outro esfola... - adiantou Victorino - ... Este e o Eufrázio bem se podem juntar... gajas e autoclismos...
É o que vos digo... - reafirmou o Telmo, com ares de grande convicção - ... o Autoclismo, tal e qual...
- E continuou ...
- Então, Quando estamos apertadinhos na mijinha... vem sempre o "peidinho" da ordem, não é?
- Sim... e que é que isso tem a ver ?
- Ora, quando está alguém ao nosso lado, então... é aí que o melhor amigo do homem salva a situação...
- O autoclismo...







11 maio 2008

Tribunal de Pequenos Delitos

Comprei este livrinho numa feira de antiguidades que se realiza aqui em Setúbal, aos primeiros e terceiros sábados de cada mês.
Foi o título que me agradou e me abriu perspectivas de uma leitura humorada. Autor ?? Heitor de Campos Monteiro (José de Artimanha) Género ? Contos humoristicos. Aliciante ?? 3ª edição, ano de 1938.
Para além de tudo isto, ainda o facto de ser "coisa" do Porto, Livraria Civilização - Editora, Rua do Almada ( Ai Porto, Porto, que me estás no goto !!!! )

Eis um pequeno exemplo, que transcrevo, de um sadio humor, simples mas eficaz !!!!
(do memorial que o pai do autor lhe faz)

Conta-se de uma mulher casada que, encontrando na rua uma amiga, se lhe atirou aos braços chorando, a oferecer-lhe a sua nova morada num hotel de segunda ordem.

- Zangaste-te com teu marido ? - perguntou a amiga, admirada.
- Zanguei.
- Pregou-te alguma peça ?
- Uma peça mais indecente do que as revistas apresentadas pelas Companhias exclusivamente femininas: surpreendeu-me nos braços de outro homem.
- O quê ?... Pois tu enganaste o teu marido ?!

E logo a outra, indignada:

- Perdão ! Quem me enganou foi ele, que saiu de casa para uma viagem de oito dias e voltou logo na noite seguinte !

E mais não digo...
E vou acabar de ler o livrinho

Próspero





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08 abril 2008

PRESSÁGIO OU HOMENAGEM ??


No passado domingo este magnífico emblema, clube, lídimo representante das gentes "tripeiras" e de um Norte sem fronteiras, conquistou mais um título, isto apesar de "ainda" faltarem cinco ou seis jornadas para um final de Campeonato onde, a despeito de "muitas" convicções a verdade é só uma ... O poderio desta Armada, muitos furos acima dos seus habituais rivais, a sobrepôr-se a todos quantos tentaram obstaculizar o feito (dentro e fora dos relvados) uns com a dignidade de profissionais (os jogadores, alguns sem salários em dia) outros com os "truques" do costume para desacreditarem o mérito e a eficácia ganhadora dos "Dragões" na ténue tentativa de assim justificarem os seus (in)sucessos, frustações e promessas saloias. Adiante porque ainda há borracha para gastar nos pneus...
Tudo a propósito da transmissão televisiva do jogo com o Estrela da Amadora.
Estava eu a viver ainda o momento de euforia do primeiro golo do "nosso" FCP quando e mirando o écran do aparelho me apercebo que os cantos deste apresentavam umas notórias manchas triangulares de um azulado muito interessante mas que me suscitaram um certo alarme: "então agora que está a dar o jogo é que isto começa a avariar ??... mau, mau, mau!!! não me digas que vou pôr as barbas de molho para um arranjo !!! ". O que é certo é que as manchas lá ficaram para o resto da noite.
- Bom, pensei eu... Do mal o menos, o que me consola é que ainda pude ver o jogo e acompanhar os festejos no Estádio do Dragão e fora deste. Amanhã verei o que fazer com o televisor!!!
No dia seguinte lá fui ligar o aparelho e... para espanto meu... as coisas, as manchas, já lá não estavam. Aqueles sinais de que qualquer transistor, chip ou lá o que fosse, estivessem a dar o "dito-mestre" e a "crashar" a máquina, pura e simplesmente "d e s a p a r e c e r a m" tal e qual assim... fssst... e nunca mais voltaram.
Alegria !!! Já não vou ter que gastar pilim-pilim com aquilo.
Mais alegria ainda !!! Numa reacção "humanizada" o meu vetusto, anoso e conservador ( mas excelente ) televisor Sony, embandeirou em arco ( foi mais esquadria ) e antecipadamente foi festejando e homenageando os autores de um saboroso TRI, engalanado de mil côres mas orlado a AZUL ... e BRANCO, claro.

Puoooorttttooooo !!!!


31 março 2008

SER SOLIDÁRIO

Há momentos de grandes palavras e outros em que a acção valerá por milhões daquelas.
É neste sentido que peço a quem me lêr que percam uns segundinhos do vosso precioso tempo e acedam a este endereço:

http://www.carolinalucas.com/

e percebam a razão de uma qualquer solidariedade, mesmo que de uma simples palavra de alento ou encorajamento.
Fomos pais, somos avôs ou qualquer outro elo familiar e por isso mesmo somos de condição maior... a humana.
Percebam o enorme esforço e sacrifício destes pais e tornem mais titânica a sua determinação em recuperar para si, a sua Carolina, na posse de todas as faculdades físicas motoras, para que deixe de ser uma criança diferente.

Bem hajam

Próspero

04 março 2008

SETÚBAL, CABISBAIXA...

Politicamente, sabemos que o País atravessa uma das maiores (se não a maior) crises de sempre.
A credibilidade dos nossos políticos baixou, em e há muito, a fasquia do admissível. A capacidade destes em  mobilizar convicções é directamente proporcional à sua premente falta de imagem, mística, seriedade e halo de verdade que os deixou de envolver faz muito tempo, dando lugar a um manto de denso (duvidoso) nevoeiro que os enclausura. Anjos com pés de barro, figuras ténues e amusas que nesta condição fazem "ouvidos moucos" aos protestos de uma sociedade, de um e de todos.
Quem anda pelas ruas de Setúbal constata isso mesmo.
As pessoas andam de olhos no chão, ora tristes ora acabrunhados ora ainda desiludidos... Dei comigo próprio (de há longos tempos) mecanizado naquele comportamento. Olhos no chão.... Mas não só por isto...
A juntar ao que acima aludo, concluo que as pessoas têm que andar de olhos no chão também por causa de uma "política", a do comportamento, social, de um e de todos... Pois não é que em qualquer rua desta linda cidade nos habilitamos a moldar as solas dos sapatos nas massas fedorentas dos dejectos dos cãezinhos, caso olhemos de frente e em frente ??!!! Pois não é que "impunemente" as pessoas passeiam os seus animais sem o devido saquinho para os "cócós" e sem o devido respeito pelo transeunte, pela saúde pública, e sem respeito por si mesmo ??!!!
A estes, nomeio-os ainda de "chicos espertos" !! Saiem das suas portas e para os animais não lhes sujarem os "domínios" postam-nos no passeio do prédio ao lado, no carro do "outro" (enfim em nada que seja seu) no jardim onde as crianças depois brincam, os idosos descansam e onde existe até, pasme-se, um recanto próprio para os ditos, saquinhos para os ditos, etc.... mas os animais não aprendem com a prática e experienciação. No dia seguinte lá estão com os seus cãezinhos a repetir os mesmos actos.
Enfim, políticas !!!
Analogias?? Muitas.
Os políticos descredibilizam-se com as suas atitudes ?? Os cidadãos igualmente !!
A Sociedade não é capaz de reagir às adversidades e imprudências governativas ??? Os cidadãos, igualmente são incapazes de exigir do seu próximo, do seu vizinho, todo o respeito a que têm direito no usufruto das partes comuns do seu dia a dia.
Os políticos delapidam o dinheiro de todos nós com projectos e obras que nunca se erguerão ?? Os cidadãos, igualmente são incapazes de "desinvestir" nas eminências pardas que pululam nos mais diversos cargos publico-políticos !!!!
Nos idos de 80 do século passado alguém, por exemplo, meteu o "socialismo" na gaveta... Nos idos de ontem, os de agora, fecharam a dita gaveta e deitaram a chave ao rio, não vá ninguém encontrá-la.
Por fim, talvez a mais contundente das analogias...
Os extremos tocam-se...
Os políticos só fazem "trampa" ??? Os donos dos cãezinhos também !!! E os pobres cachorros não têm culpa alguma... e ambos os fazem fora dos seus "domínios" não vá a coisa cheirar mal, mesmo muiiito mal.

E o burro sou eu ?? !!



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27 fevereiro 2008

A FORÇA DA PALAVRA - MENSAGEM DIVINA - INUNDAÇÃO II

Na porta de um estabelecimento da Baixa de Setúbal está afixada uma folha com os seguintes dizeres:

DEUS TARDA....
                            MAS NÃO FALHA !!!!!!

Sempre me intrigou esta folha. Porque razão teria aquela papelaria esta mensagem ?? Acólita de alguma religião ?? Cristã, Maná, Jeová, Adventista ?? etc,etc,
Dei comigo a cogitar na força das palavras e das mensagens que destas emanam... Por certo que na génese desta pictórica ou bíblica mensagem estará o voto do mais profundo optimismo, assim o declara o sentido frásico da construção... Um mar de esperança e crença em tão curtas palavras !!!!
Mas....
Há dias e após a lastimosa inundação que devassou o centro de Setúbal, passei de novo por aquela rua e de repente (não se fez luz mas...) sobressaltei-me ao lêr, inconscientemente sempre que lá passo, esta misteriosa folha...
Tão certo quanto as fortes enxurradas daquele dia, o sentido da frase deixou de existir !!!!! Uma outro me me sobressaltou !!!!

- Que terão eles feito para merecer tão duro castigo divino !!!!!

Fico sem resposta ao tema mas deito por terra aquela primeira interpretação.... Grande castigo !!!!!

(Ainda hoje a casa está fechada a recuperar dos estragos....)

Grande castigo !!!!!!!




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22 fevereiro 2008

INUNDAÇÃO I


Esta é a praceta das traseiras de minha residência e a foto tirada, claro, da minha varanda. Esta é a inundação que lesou centenas e centenas de pessoas, quer nos seus automóveis, nos seus estabelecimentos, nos seus haveres e principalmente na sua saúde, tais as aflições por que passaram.
Segundo relatos confirmados, uma senhora desmaiou, caíu na torrente e foi depois encontrada por debaixo de um automóvel, já cadáver. Isto passou-se em Azeitão.
Esta é a responsabilidade que não foi assumida por quem de direito, assistindo-se a um vergonhoso lance de ping-pong entre autarquias e governo central, que entre si dirimiram acusações e argumentos, na imprensa, perante uma plateia ávida de arena e sangue esperando que, finalmente e no próximo lance se decepem cabeças e as almas acabem na "fogueira" da sua (nossa) indignação.
Puro engano.
Ninguém vai ser condenado, culpabilizado e levado à expiação dos seus actos. Outras "inundações" já o provaram através dos tempos. Uma houve, até, que viu um Ministro casar com a Culpa, solteirona já cheia de verrugas mas com hímen, porque esta não podia "morrer" naquele virginal estado. Entre-Os-Rios foi o local da boda :(( A suite para a lua de m(f)el foi Castelo de Paiva e o Rio Douro os seus lençóis... De permeio uma cama (maldita ponte), paradoxalmente a mais inocente de tudo isto, que cumpriu até ao fim a despeito dos vários "sinais" de fadiga e fraqueza demonstrados ao longo dos tempos.
Por lembrar ficam outras "inundações" de carácter moral, na Justiça, no Social, em todas as casas (pias) possíveis e imaginárias, no Futebol, Na Banca, em todas as Lavandarias onde os "Colarinhos brancos" campeiam imaculados, brilhantes, sem nódoas, Nos trajectos de aeroportos e tgv's, em rota de colisão com os verdadeiros interesses dos cidadãos, tudo com traiçoeiras "derrapagens" e "desvios" devidamente explicados pela engenharia dos números...
Adiante, que atrás vem gente !!!!

QUE MAIS NOMES ???

Recordo-me que no ano passado escrevi sôbre a particularidade do meu nome deixando no ar a última interpretação... "Inhocópio" para Próspero, pensando eu não ser possível pior do que isto!!
Mas não... Estava enganado...
Ontem, no mesmo local "do crime" :) a mesma pessoa :( em situação idêntica, disparou: - Olhe lá senhor "Nhoscofre" ?!! Tire agora a fotografia à menina ( a nossa netinha, no seu colo ) qu'ela está distraída !!!!
E pronto, aconteceu.
Para a próxima vez que nos encontremos até tremo só de pensar no que me chamará !!! É que à força destes incidentes ;) temo que eu próprio me venha a esquecer do meu próprio nome cujo nome próprio ainda tem o Manuel, no qual já penso como escapatória ou bóia de salvação (então senhor Manuel como está??) ...

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10 fevereiro 2008

PESCA I

No comentário anterior ficou assente que para 2008 as licenças ainda não têm data marcada de emissão. Os resultados da safra anterior não foram nada animadores e por isso mantive-me na pesca, mas com outras artes.
Esta é a minha nova forma de pescar. Em tudo é uma cana (mas metálica) com um íman na ponta, em vez de anzol, altamente eficaz no peganço e com um poder de atracção bem mais forte e aqui, quando "pica" nunca falha.
As águas essas, são outras. As ruas, passeios, becos e vielas de Setúbal, são o meu mar e o meu rio, em vez de bote ou amurada há as botas e os sapatos e as vastas marés de "penantes", quilómetros a dar c'um pau e acima de tudo, há sempre safra, tantos e tais pesqueiros, rotulados de jeitosos e daí para cima.
Quais ?? Questionam-se ... !!! Eis alguns, mas não todos...
Paragens de autocarros, esplanadas, cabines telefónicas... (deixo para mim as mais aliciantes, ah ah...ah).
E perguntam vocês?? E as provas!!! Vejam:


11 -Onze- 11 espécimens, os mais variados... Peixe-rosca (2) Peix'anilhas (6) Peixe-lata (2) e ainda... Peix€uro (1). De notar que este último foi quase apanhado no tamanho mínimo, dois cêntimos.
Para reforçar o pormenor, agora, mais de perto:


Como vêm, expectativas alcançadas.
Esta cana já a tenho em ensaios desde 2007, meados de Março... por aí... mas em total secretismo, não fossem as revistas da especialidade bisbilhotar e captar as tais fotos-espias, que deitam por terra os melhores planos.
O ensaio mais espectacular foi o ocorrido em Tróia. Fui lá com uns amigos do Porto (Odete e Neves) para lhes mostrar a revolução paisagística que ocorria (pela mão do Tio Belmiro) e, porque tudo estava em obras (aliás como hoje), quando a dada altura o portento desta cana deu um safanão formidável, desviou-me um olhar para direita, estaleiro fora, para eu ficar grudado num já belo exemplar de um peixe-nota (medida 20 €uros) que batalhava contra o vento e pedia um insistente e dramático apelo, apanhem-me... apanhem-me... E eu apanhei-a (ainda não encontrei íman para papel).
No regresso, lanchámos no franchising das "Tortas de Azeitão" junto ao Quartel do Onze e consumimos o "peixinho" todo, para gaudio daqueles meus amigos que não paravam de exortar as propriedades das minhas novas artes...
Inté...

No regresso

PESCA

Em 2007 tirei duas licenças. Uma de mar e outra para rio, esta com cobertura nacional, fosse eu expandir as minhas actividades pelo país adentro.
De qualquer forma tiveram apenas, isso sim, um único propósito... o de encher os cofres do Estado, a exemplo de outras e outras tantas que não "justificaram" o investimento.
Valeu-me a persistência e voluntariedade dos meus amigos Edmundo e Martins, que fizeram o favor de me acompanhar (ou permitir que os acompanhasse) umas duas ou três vezes a pôr a minhoca de molho (a do anzol... nada de especulações). No fim, o que se aproveitou foi o franco convívio e as inalações iodáticas à beira mar.
Do mal o menos...
Para 2008 ainda não tenho orçamento para as ditas pelo que o Estado, esse pescador de malha finíssima e especialista na arte do arrastão, também "pesca" menos... pelo menos mais tarde :))
Bons lançamentos e aproveitem as "marés"

03 fevereiro 2008

O QUE PODE ACONTECER EM UMA HORA

Colateralmente ao tema desta crónica apenas uma pequena observação... O barco amarelo.
Sei eu quem apreciará a foto, tal como aprecia um carro amarelo, um avião, uma roupa, um tema qualquer em que o amarelo predomine e mesmo até um "casaco amarelo".
Não digo quem mas outros que me lerem saberão de quem falo !!
Agora sim, o tema.
Novembro de 2007, Olhão, em um dia de completa invernia com vento, chuva e frio, cerrado de cinzento até ao anoitecer.
Saímos do parque de campismo para uma ida ao mercado à procura de alimentos frescos e do inevitável "pexinho" para a grelha e depois uma ida à baixinha para a tradicional voltinha para sorver o ritmo do comércio, uma ida á farmácia, mais um totoloto, etc, etc.
Éramo quatro. Os amigos Isabel e Cristóvão e este Próspero mais a sua Cidália apetrechados de impermeáveis, guarda-chuvas e carolice suficiente para enfrentar a intempérie.
Pois no espaço de cerca de uma hora concluimos que Olhão é uma terra que dá dinheiro, por isto:
Depois da mercadagem peguei nas compras e levei-as para o carro enquanto os restantes se entretiam a "ver a banda passar". Logo à saida do mercado, no passeio, com tanta gente a correr de um lado para o outro com uma chuva "pegadinha" havia eu de encontrar uma moeda de 1 cêntimo a olhar p'ra mim... Não me fiz rogado, apanhei-a.
Na moeda "macaca" são dois escudos e dei comigo a pensar... Grandes vidas... já ninguém se abaixa para apanhar uma "negra".
Depois de arrumar as comprar atravessei para o outro lado da rua por ter visto uma farmácia e nela procurar uma pomada de que havia precisão.
No regresso, ao passar por uma esplanada quem me estava a chamar?? Imaginem... a irmã mais velha da primeira moeda, uma outra de 10 cêntimos. Humm, a coisa está a compôr-se... de dois para vinte escudos na dita "macaca".
Ao chegar juntos dos companheiros dei conta da façanha e com a boa disposição que o caso impunha, deixei no ar a frase "isto está a compôr-se"... e fomos baixinha adentro ao resto dos afazeres. Eis senão quando, com alguma destreza, a amiga Isabel apanha do chão outra moeda, esta um pouco mais abonadinha... 20 cêntimos... isso mesmo... mais 40 escuditos.
Não deixamos de rir e glosar com a situação.
- Bom, disse um de nós, agora só falta a Cidália e o Cristóvão cumprir o seu papel e apanhar mais um metal (vil, só por ser pouco, claro) para a coisa ficar mesmo composta.
Neste ponto da conversa vimos uma outra farmácia, onde entramos, por causa da tal pomada. Em boa hora o fizemos. Desabou tamanha chuvada (daquela tocada a vento e grossa) que até fazia fumo na rua, imaginem, e tão persistente foi que esperamos um pouco e quando abrandou, eis-nos de novo na rua.
Sol de pouca dura, com apenas uns passos dados nova descarga (se não pior, pelo menos igual à anterior) que nos obrigou a correr e o sítio que melhor nos pareceu para abrigo, foi uma igreja, para a qual sprintamos.
Pois... aqui deu-se de novo uma situação mui sui generis... Não é que a Cidália também encontrou uma moeda ?? E sabem de quanto ?? Dois €uros.... quatrocentos e tal macacos... assim, de uma rajada, pas, pas !!!!
E por exclusão de partes, entre molhas e gargalhadas, lá sentenciamos: - Agora (e já agora) só falta o amigo Cristóvão fazer o gosto ao dedo e apanhar algo, mas atenção.... por este andar vai ter que ser uma nota, tal a escalada... (risos)...
O resto da manhã passou-a de olhos no chão, a chuva continuou a fustigar as ruas e nós tivemos tema de conversa para o resto do dia por ele não ter encontrado a razão desta recordação.

31 janeiro 2008

Ano novo Vida nova

Poucos, mas estimados e fiéis leitores.
A partir de agora volto à presença do estimado público para dar conta dos estados de alma, dos humores e des(a)humores com que o quotidiano nos preenche os dias, algumas noites (as mal dormidas) isto sem falar das sentenças, bitaites e ditames que enchem por completo os écrans das nossas vidas e condicionam a disposição para o dia seguinte.
Valha a verdade, a natureza das notícias e a omnipresente presença de alguns "artistas", em entrevistas, comentários (e despropósitos) nos formatos conhecidos da caixinha que mudou o mundo, originam e justificam por inteiro a disposição com que as pessoas se levantam e assim se compreende (entre outras) a principal razão de o povo português se levantar e sair para a rua, de semblante carregado e mal disposto e (como soi dizer-se popularmente) a comer "maçãs azedas"... E não é que a "coisa" se estende por e para todos os lados ?? Até quando ??
Bom, adiante.
Para a reabertura do "Fatinitadas" 2008 escolhi um pequeno anúncio colocado numa porta de um estabelecimento em Setúbal, de compra e venda de mobílias ao qual tentei recorrer por mais do que uma vez, sem êxito, dado encontrar-se fechado (diga-se que os meus passeios não se compadecem com os horários de funcionamento) e só ter conseguido essa visita através do telemóvel lá indicado...
Reza assim:

Abrimos quando
chegamos
Fechamos quando vamos
E se você vem e não estamos
é porque não coincidimos.
Volte amanhã...
Que nos encontramos.

A guiza de país adiado este é, possivelmente, o melhor horário possível. Talvez o venha a adoptar mas o certo é que desejo, veementemente, que o meu número de leitores suba em flecha e me sinta gratificado pelos seus comentários e apoios.
Como diz um primo meu ( O Bino da Nélinha ) "serão milhares.... digo-te mais, moço... mais de cem... digo-te !! e eu cá fico para os contar.
Um abraço para todos

Fadalê-Vô






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