D. DINIS E O MILAGRE DA RAÍNHA
Quem não se lembra de uma das páginas mais românticas da nossa História… não aquela do amor impossível de Pedro por Inês – carregado de dramatismo – mas sim a de um milagre doce, por causa dos pobres e por causa da bondade da esposa do nosso rei D.DINIS.
A sua bondade contrastava com a personalidade firme do rei, mais virado para poemas, plantios e projectos de pinhal, nada sensível às carências dos seus súbditos, em especial aos sem abrigo e miseráveis de outras pobrezas.
Pois bem:
Continuando a reescrever a história eis - nos chegados a tão edificante momento.
D.DINIS vive e reina, preocupado em cálculos e projectos de florestação do seu condado, atento à invasão das areias por devastações dunares e aos graves problemas da extração das mesmas no seu rio, aquele que lhe permite acolher em suas adegas o precioso vinho néctar ( que hoje se chama “do Porto” ). Por outro lado, tem ainda tempo para as artes… para a poesia e suas musas e à noitinha para a sua arte maior que é a de “torrar café”… É vê-lo sentado no seu trono inclinando a “coroa” luzidia aos presentes, tão brilhante quanto o seu ceptro e até um pouco tostadinha pelo sol…um regalo.
Pouco tempo tinha para a sua rainha e seu castelo, deixando que esta zelasse pelo seu funcionamento e seus infantes. Dª Margarida de Bugalheira distribuía, portanto, o seu tempo entre a família, o castelo e os seus pobres… estes o mote de tão suave milagre.
D.DINIS, por força das suas preocupações tornara-se ríspido, irritadiço e muito pouco paciente e não concordava com aquele tão humano e tão altruísta gesto de Dª Margarida por tantos e tais desvalidos.
Foi por isso que um dia, naquele lindo e abençoado dia de exaltação dos sentidos, cruzando-se com a matriarca de Bugalheira no Pátio das Manobras, junto à Alameda dos Limões, reparou no seu volumoso braçado e esta ao ver o seu senhor, já com tão duro cariz, apertou ainda mais o seu colo tentando esconder o pão que levava para os seus pobrezinhos.
Perante tamanho volume (e esforço de o dissimular de sua amada) D. Dinis endureceu ainda mais o sobrolho e porque ao momento se entregava à musa da poesia, disparou à queima-roupa….
ONDE IDES SENHORA MINHA
QUE ANDAIS
VÓS QUE VINDES DA COZINHA… (DIZEI – ME, DÚVIDA MINHA)
QUE LEVAIS
POR CERTO, POR ACTOS NOBRES
POR MISERICÓRIDA E BOA ACÇÃO
NÃO ME DIGAIS SENHORA, QUE LEVAIS AOS VOSSOS POBRES
QUILOS E QUILOS DE PÃO…. OUTRA VEZ, NÃO!
VEJO-VOS AGORA ESFORÇADA
OFEGANTE E ANSIOSA
QUE OUSO, ANTES DE MAIS
PEDIR-VOS QUE MOSTREIS… DE UM GESTO SÓ, DE ASSENTADA
O OBJECTO DE CARGA TÃO VALIOSA…
Ao que responde Dª Margarida de Bugalheira
SENHOR MEU… SENHOR DOS MEUS ALENTOS
QUE VOS POSSO OCULTAR?
FALAIS DE PÃO NO MEU REGAÇO
NÃO POSSO EU ESCOLHER? NÃO POSSO EU OPTAR?
E SE
OU ASSIM VALER A MEU DOENTE BRAÇO?
PEÇO-VOS MELHOR JUÍZO
MEU REI…QUE TÃO BEM OUTORGAS
ATENTAIS A MEU TINO E SISO
NÃO VOS MINTO, NÃO PRECISO, MEU SENHOR
E Abrindo o seu bento regaço….Margarida de Bugalheira revela-se e dá-se o delicado milagre!!!
São abóboras meu senhor !!!!
SÃO ABÓBORAS… MEU SENHOR !!!!!!!
E o Rei poeta lá se foi, contente e rindo troando pela alameda o seu preferido poema…
ONDE IDES SENHOR DOUTOR
COM ESSE PASSO APRESSADO
VOU A CASA DO……………….
1 comentário:
adoro ler o seu blogg, esta cada vez melhor.
Beijo grande, tiozinho´!
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