Hoje, acompanhando a vaga de frio que assola toda a Europa, a neve veio a té nós e para nosso regozijo invadiu o nosso quotidiano... mesmo que por pouco tempo fosse.
Eis as fotos:









A cumplicidade entre filhos, geográficamente distantes ( uma nos USA outra, em PORTUGAL) , a cumplicidade das sociedades civil e militar ( uma em Harvard outra na Força Aérea Portuguesa, e o calendário, obrigaram-nos a "abrir" no passado dia 23 a nossa última prenda do Natal passado.
No Centro Cultural de Belém desembrulhamos o laço... com os bilhetes na mão retiramos o papel e... no ambiente confortável do Grande Auditório "lemos" o postal das Boas Festas... "PATRÍCIA BARBER - 1ª PLATEIA - C16 / C18... esperando que gostem!!!"
Os últimos são os primeiros, diz-se e este não fugiu à regra.
Casa cheia. Fundos negros, intimistas, no palco. Traços de luzes em focos azulados e vermelhos ( bordeaux's ) conferiam à volumetria da sala a vontade de se tornar numa aprazível sala de estar onde se pudesse disfrutar de um são convivio entre amigos, companheiros de gostos e prazeres.
Em pleno palco, à direita, toda a percurssão ( bateria, congas, pratos, missangas, caixinha de areia, etc, etc. No sentido esquerdo, logo a seguir, a amplificação para a as guitarras ( clássica e eléctrica ), a seguir os baixos ( viola -baixo e contrabaixo todo estilizado... xpto... ) e por fim, naquela extrema, o sóbrio e clássico piano de cauda.
Testemunhas desta parafernália sónica, os fios eléctricos, os cabos e os microfones, estes tão bem projectados no espaço. Numa galeria superior, bem lá no alto e a garantir a distribuição do som, às extremas, as potentes e numerosas colunas de som.
Tudo isto, mesmo assim, virtualmente inseridos no "tal" ambiente intimista, dos amigos, mas... ainda faltava algo.
E esse algo tornou-se claro e lógico aquando da entrada da cantora e dos seus músicos. Eram ao todo, quatro elementos. O negro imperava nas suas vestes, desde o tailleur de Patrícia Barber até ao tradicional vestir do percurssionista, calça e camisa pretas. O preto, encarnado e o cinza das "cordas" perfilavam-se no ambiente, a par com as luzes de palco jogando entre si.
Com uma informal postura, Patrícia Barber tirou os sapatos ( dava para sentir o toque da alcatifa da tal sala de amigos ) depois... as meias ( como quem dissesse: Ok pessoal... sintam o nosso calor e partilhem desta intimidade, não façam cerimónia..cheguem-se para cá !!! ).
A dizer-nos o quão informal e intimista seria o concerto, nada mais nada menos do que um cálice tipo "balão" corado com um castanho ébano ( quiçá brandy?? conhaque?? aguardente velha??... até podia ser chá!!! ) que mais fazia "sentir" o estar em casa. Só faltou mesmo a lareira acesa, as baforadas de um qualquer "Cohiba" e.... enfim...
Ouviu-se a voz gutural, forte mas redonda, no jazz mais "previsível" no reinventado ( Dizzie Gillispie ) e ainda embelezando melodias de todos os tempos... Wonderfull, Light My Fire e no mesclar de géneros ( apresento-os por lembrança, não por ordem de actuação ) lugar ainda para o (quanto a mim) jazz puro ou abstracto ( pareceu-me, num trecho, um pouco "ás pinceladas" ... lembrei-me, não sei porquê de uma pintura Picasso... Nem sempre se entende o que lá está mas... aceitamos que seja assim.. e faz história ) .
Uma voz a lembrar Diana Krall cruzando-se com outros tons, uma percurssão de "topo" a sustentar todas as "portas" do desempenho, uma guitarra eficiente tanto quanto um baixo, ambos a dar crédito à altíssima qualidade do espectáculo e o linguajar de Patrícia Barber ( que tão bem soube ceder silêncios ( para os "seus" músicos ) e projectar a sua voz e alma a cada trecho em cumplicidade com um piano que acabava nas pontas de seus dedos teatralisados, quando estes se movimentavam no espaço, para lá do teclado real para o virtual que, por certo, brotava da sua introspecção para o entusiasmo.
Belíssima prenda esta que tão bem "desembrulhamos" e sorvemos.
Quando saímos da sala, pareceu-me ter ouvido o crepitar na lareira da última lenha, já só brasas, e os passos conformados ( mas satisfeitos ) sobre a alcatifa.
De repente, alguém pegou nos sapatos e meias, igualmente satisfeita, e de sussuro... fechou a porta.
Um punhado de candidatos apostou os seus créditos políticos para tentarem ocupar a “cadeira” suprema do aparelho de estado deste nosso Portugal.
Uma candidatura dita supra-partidária, empunhando a bandeira do seu absentismo político… melhor dizendo… com mais ausência de palco do que outra coisa, uma outra enfunada a quatro ventos pelo apoio incondicional do seu aparelho partidário e governo vigente, uma outra, em contra-vento, desse mesmo aparelho partidário, traída… portanto dissidente. E porque a procissão ainda não estava completa outros estandartes se perfilaram.
Um… o da esquerda “formatada” e obediente ao estanque sistema comunista que pretendeu o aproveitamento das sinergias criadas em torno da figura do seu secretário-geral, visual ( e virtualmente ) “fora” do prototipo dos anteriores líderes, outro o de uma esquerda inconformada com a primeira e divergente das restantes, procurando “olhos nos olhos” afirmar-se no universo dum eleitorado já experimentado nas legislativas últimas. Por último o esquerdo estandarte menor ( apenas na importância de voto) de alguém que gostaria de ter a oportunidade de mostrar a sua coragem de “mudar de rumo”
Os panais bruxulearam em todas as frentes defendendo a sua “dama” tocados a ventos de esperança.
Os arquitectos dos moinhos de vento reinventados brandiram as lanças por suas Dulcineias e estas, proas de nau, deram corpo às vagas e marés das campanhas eleitorais que levaram e trouxeram as quimeras e as realidades conseguidas.
Cada um desembarcou na praia que mereceu.
Só um cravou a bandeira ao desembarcar na realidade desejada. Só esta bandeira ostenta uma esfera armilar, não a dos “novos mundos ao mundo” mas sim a de diferentes e novas vias de esperança e recuperação, não só de um “estado de alma” mas de milhões de almas de um Estado.
Por mim, o desfecho agrada-me e coaduna-se com o querer e esperança do meu voto mas não basta o novo Presidente dizer que será O “de todos os Portugueses “ .
Preciso será que todos os Portugueses O entendam como tal.
A vontade férrea de vencer as adversidades será o elo “chave” que deve colocar as duas áreas de governação sob uma única bandeira.
A nossa…