27 outubro 2005

A PROPÓSITO DA SUÁSTICA

Creio que na passada semana (ou terá sido na outra??) surgiu a informação de que, um sobrevivente dos campos de concentração de Hitler, tinha falecido aos 92 anos . De qualquer forma, provecta idade para um qualquer idoso, quanto mais para quem passou pelos horrores daqueles tenebrosos tempos.
Dito assim.. vulgarizar-se-ia a notícia e o seu impacto. Mas não !!!
Estamos perante a notícia da morte de SIMON WIESENTHAL.

Sofrendo o que sofreu naqueles campos de concentração, foi encontrado no de Mauthasen entre as poucas pessoas ainda com vida. O facto de ter sido um sobrevivente durante todo este tempo, constituiu uma bandeira hasteada no imaginário de todos os que, como ele, puderam despir as roupas listradas de morte e vestir as ( poucas ) da dignidade, honra e respeito humano , dando na sociedade um “murro no estômago” despertando emoções e desenterrando fantasmas que de outra forma nunca teriam a sua catarse.
Não sei se todos conseguiram expurgar das suas mentes e vidas as terríveis gestações da dor, sofrimento e animalização a que foram sujeitos mas... por cada nazi procurado descoberto e entregue às autoridades do Mundo ( desde o fim da segunda guerra mundial ) por certo que, largas e largas dezenas de pessoas tiveram a sua hora de justiça, sem compensações é certo... e a sua condição humana reposta. Por certo que dormiam melhor depois de cada captura e a certeza de serem julgados pelos seus crimes.
Sei, isso sim, que inconformado com a (sua) condição humana de todas aquelas vidas (milhões de despojados física, mental e espiritualmente) entendeu prestar-lhes, dia após dia, ano após ano, durante todo este tempo a única homenagem possível.. caçando-os...
É igualmente certo que o sentimento de vingança foi o “motor” para que passasse o resto da sua vida na cruzada ímpar de encontrar os mentores e (seus) carrascos ao serviço daquele Hitler símbolo mor da ignomínia, da vergonha e da tresloucada “purga” rácica em busca do arianismo eivado de utopia, mas... para quem passou o que passou, quem perdeu a esposa e familiares nas câmaras de gás não podia contentar-se com sentimentos mais nobres E Eles não o mereciam...
Foi dele um dos livros que mais me magoou na minha juventude.
Foi dele um dos propósitos que me marcou ao longo da vida… O de pedir Justiça e fazer prevalecer a Verdade nem que para isso tivesse que esperar mais de 20 ou 30 anos (tornando com isso intemporal a responsabilidade dos actos) para levar aos Tribunais do Mundo todos os algozes possíveis.
Essa foi a maior ( mas não sei se reconhecida ) e mais virtuosa homenagem que alguém fez aos (já) ausentes e (ainda) presentes daquela negra e triste página da História da Humanidade.
Esta é a homenagem que lhe presto (a todos) curvando-me perante a imensidão do seu ser e da sua vontade.
Bem sei que necessitamos de mais Wiesenthal’s, todos os dias e em todos os quadrantes do Mundo porque, de uma maneira ou de outra as tresloucadas “purgas” continuam… as tresloucadas Utopias persistem e nem a vergonha humana e os campos de concentração acabaram…
Viva Wiesenthal….

2 comentários:

∫nês disse...

Triste...

Viva!

Anónimo disse...

o meu amigo ainda é vivo.